Dra. Cristiane Pertusi Psicóloga e Coach

ARTIGOS

Controle seu mau humor

 O problema é quando as alterações deste estado são constantes e acabam prejudicando o cotidiano e a vida.
Quem nunca teve seu dia de mau humor, ou mesmo crises eventuais? O problema é quando as alterações deste estado são constantes e acabam prejudicando o cotidiano e a vida. Mudanças frequentes podem indicar questões emocionais como depressão, ansiedade ou outros transtornos. Características de personalidade e história de vida influenciam, além de substâncias cerebrais que regulam este setor.
Se você é apenas um mal-humorado eventual, talvez se surpreenda com esta informação: quando o quadro é permanente, vira doença, com nome e tudo? distimia. Reconhecida pela medicina nos anos 1980, significa uma forma crônica de depressão, só que com sintomas mais leves.
Enquanto o indivíduo com depressão grave fica paralisado, quem tem distimia continua tocando a vida, mas está sempre reclamando. Só enxerga o lado derrotista de tudo e não sente prazer em nada. A diferença entre ele e o resto dos mal-humorados é que os últimos se queixam de um problema, mas param diante da resolução. O distímico lamenta até se ganha na loteria. Não fica feliz, porque começa a pensar em efeitos negativos, como ser alvo de assalto ou sequestro.
O transtorno mental afeta ao menos 180 milhões de pessoas no mundo. Quando não tratadas, elas tendem a se isolar. A doença não deve ser subestimada, pois o portador corre um risco 30% maior de desenvolver quadros depressivos sérios.
Personalidade X doença
O pior é que muitas vezes é difícil perceber, ou assumir, que se tem a disfunção. De acordo com o especialista, para a maioria dos pacientes, o mau humor constante é um traço de sua personalidade. A desculpa pela rabugice recai sempre no ambiente ao redor, o que inclui o tempo, o chefe ou a sogra, por exemplo. É importante ficar atento porque o cenário, quando persistente, acaba trazendo prejuízos ao indivíduo? pessoais, sociais, profissionais.
Uma das consequências é a solidão, porque familiares, amigos e colegas vão se afastando com o tempo. Outra implicação é o consumo de álcool e drogas, uma vez que o paciente se ilude achando que, com tais subterfúgios, conseguirá se livrar da irritação.
O distúrbio provoca prejuízos para as relações afetivas e percepção geral do universo ao redor, impedindo que a pessoa se relacione de maneira satisfatória com seus semelhantes. A área do cérebro que motiva alterações de humor gera repercussões de comportamentos, como capacidade de ver a vida com maior pessimismo, menor tolerância à frustração, mais impulsividade.
Relações comprometidas
Isso significa que o mau humor patológico traz embutidos outros sentimentos como intolerância, impaciência, baixo nível de energia e até tristeza. Se a condição é séria e classificada como doença, na maior parte do tempo o sujeito se apresenta irritado, reclamando de tudo, gerando polêmica, resmungando e só enxergando o lado negativo.
Os distímicos em geral são amargos, de difícil relacionamento, com baixa autoestima e elevado senso de autocrítica. Também são altamente estressados, contaminando todos ao seu redor e gerando prejuízos pessoais e familiares importantes.
A capacidade produtiva fica afetada, assim como a agilidade mental. Dormir bem, fazer exercícios, ter uma alimentação saudável, não levar trabalho para casa e buscar formas de relaxamento são orientações que ajudam a afastar o mau humor.
Em muitos casos, é necessário buscar tratamento especializado. O humor é em parte geneticamente determinado, porém existem atividades que influenciam, melhorando, ampliando e flexibilizando a cognição. Tais dinâmicas são empregadas no trabalho terapêutico com pacientes que sofrem de transtornos dessa ordem, e também em indivíduos que desejam melhorar o humor de maneira global. No fim, a pessoa se sente bem e os avanços são significativos.
DICAS PARA MELHORAR O HUMOR
Para quem não tem a doença e apenas apresenta momentos eventuais de mau-humor, aí vão algumas dicas que podem ajudar a controlar tais variações:
Busque o autoconhecimento. Dessa forma, você compreenderá melhor a si mesmo, favorecendo sua qualidade de vida e suas relações afetivas, o que terá consequências sobre o humor.
Reserve um tempo para se exercitar. Após a atividade física, há liberação de endorfina pelo cérebro, além de outras substâncias que estimulam o humor positivamente, dando sensação de prazer e bem-estar.
Procure dormir bem. Descansar ajuda a regular a vida fisiológica e mental.
Aprenda a dizer não. É uma ótima ferramenta. Priorize o que é essencial, pois assim terá mais alegria sabendo que está se dedicando a suas prioridades.
Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje. Você evita muito desgaste. Os sentimentos que reinam, quando postergamos tarefas, é de incapacidade e frustração. O ideal é ser organizado para fazer tudo com antecedência. É sempre bom ter método e planejar o cotidiano, permitindo que as ações sejam realizadas sem estresse. Quando sentir que a irritação está a caminho, relaxe a mente e o corpo, sem se deixar levar pela agitação. Respire e expire calmamente, afastando os pensamentos negativos.
Nada de ser “control freak”: Não tente controlar tudo, pois isso é impossível. O mau-humor também está ligado a personalidades centralizadoras, pessoas que querem comandar o entorno e se sentem incapazes por não dar conta.
Não leve trabalho para casa. A vida precisa ser dividida em três momentos: tempo para o trabalho, para você mesmo ? “com seu eu interior” ? e para sua diversão e troca com amigos. Não subtraia nenhum dos três.
Adote uma alimentação saudável. É básico, para viver bem, estar feliz com o próprio corpo e sem problemas de saúde.
Se perceber que não consegue ter domínio sobre o próprio humor, busque ajuda em trabalhos terapêuticos ou aconselhamento psicológico.