Dra. Cristiane Pertusi Psicóloga e Coach

ARTIGOS

Férias, e agora?

 É bastante comum hoje os profissionais – especialmente os de cargos mais alto – acumularem muitos dias de férias. Por que isto acontece? É culpa da empresa que não estimula o funcionário a dar uma pausa ou do próprio profissional que talvez tenha medo de se ausentar do cargo por algum tempo?
É comum num mundo corporativo atual, em que a pressão por resultados e a competitividade são objetivos almejados pela maioria, que os executivos não percebam a necessidade de organizarem seu tempo de maneira adequada para as férias.

Na maioria das vezes há estilos de profissionais que possui mais dificuldade de organizar o seu tempo de maneira a priorizar as férias. A atitude de tirar férias deve partir do executivo que necessita organizar seu tempo para que os resultados e seu desempenho aconteça durante seus meses de trabalho e não necessite abdicar das férias para que as metas sejam cumpridas.
Atualmente é comum cada vez mais as férias serem fracionadas, isso ajuda a empresa a não ficar sem seu profissional durante o tempo de 30 dias. Isso é uma cultura das empresas brasileiras, em outros países é diferente, como em USA, por exemplo, as férias são bem mais curtas. O importante é que o executivo tenha direito a seu tempo de descanso, mantenha sua performance e saiba organizar seu tempo.
Fracionar as férias pode ser uma alternativa interessante e deve-se reforçar a ideia de que alta performance está alinhada com desempenho saudável, com momentos de descanso e sem estresse em excesso.
Com certeza a qualidade das relações interpessoais no trabalho, capacidade de realização pessoal e o desempenho profissional (performance) está relacionado com qualidade de vida, com boa gestão do tempo e capacidade de organização pessoal e profissional. A queda na qualidade do desempenho é afetada diretamente pelo estresse, ansiedade alta e longos períodos de alta pressão.
Quando não nos programamos para desenvolver nossas tarefas e não cumprimos a parte que nos cabe de um trabalho dentro de um sistema administrativo ou operacional, os resultados, normalmente, são catastróficos, e as pessoas que dependem do nosso trabalho terão que atrasar as suas tarefas ou se verem em correria, sujeitas a erros e falhas (é lógico) e isso não é nada saudável em um ambiente de trabalho.
Os princípios para uma boa administração do tempo são simples:
• planeje seus dias de trabalho com antecedência;
· não marque mais compromissos do que você pode assumir;
· não deixe ninguém esperando por mais de 5 ou 10 minutos;
· marque um tempo para cada tipo de tarefa;
· não se deixe interromper por telefonemas, pessoas que não estejam agendadas para atendimento, problemas que não são de sua competência e atividades que não sejam importantes para o seu trabalho;
· organize seu trabalho;
· não fale muito tempo ao telefone ou em reuniões de trabalho: seja objetivo e claro;
· não se sobrecarregue de tarefas, prefira delegar;
· não use o tempo do almoço para trabalhar;
· levante-se um pouco mais cedo, pois o dia renderá mais e melhor;
· evite brincadeiras longas e desnecessárias no ambiente de trabalho;
· use uma agenda pessoal, anote seus compromissos e jamais deixe de cumpri-los;
· elimine as tarefas que não sejam da sua competência ou cargo e use o tempo que era dedicado a elas para melhor desenvolver as que realmente são inerentes ao seu cargo;
· elimine o excesso de papéis como relatórios de vários tipos;
· procure usar mais a comunicação on-line, pois você poderá responder aos comunicados de forma imediata;
· caso perceba que vai atrasar algum trabalho e se alguém depende dele, avise as pessoas com certa antecedência para que elas se preparem e refaçam seus planejamentos;
· evite falar ao telefone: prefira o e-mail;
· ao final de cada dia e semana de trabalho, analise se tudo foi cumprido dentro do prazo e, se necessário, faça ajustes para que haja uma melhoria contínua.
Nos dias de hoje, muitos profissionais ainda adiam suas férias por longos períodos. Quando o corpo é exigido fisicamente, o ser humano passa a trabalhar no limite máximo de sua força mental e física.
Tende a desestruturar a sua capacidade de produção, fragilizando sua saúde e seu estado emocional, podendo ser taxado também, como um profissional centralizador e incapaz de confiar à sua equipe as tarefas que estejam sob a sua responsabilidade. Tirar férias é tão sério quanto uma meta, um resultado não atingido ou mal administrado dentro de uma organização.
O maior bem de uma empresa é o seu capital humano e ele deve ser cuidado e assistido para que possa produzir mais e melhor. Profissional feliz é profissional que produz e atinge resultados. Quando o profissional consegue “recarregar sua bateria” ele pode retornar ao trabalho mais disposto e com um aumento em sua capacidade de produção.
Lembre-se que um colaborador demasiadamente fadigado, não consegue desempenhar suas funções com qualidade. Para que essa ausência seja administrada da melhor forma possível e desfrutada de maneira saudável, a organização deve participar e incentivar a programação das férias de seu colaborador. Nessa etapa, a empresa e profissional caminham juntos.
A empresa deve sentir segurança na ausência do profissional, proporcionando tranquilidade e estrutura para sua saída temporária. Já o colaborador deve organizar seu departamento para que o mesmo sobreviva sem sua presença. Avise a equipe sobre o que precisa ser realizado , seja o mais especifico possível com suas tarefas, crie um manual de suas principais funções e acredite que se seu trabalho é bem feito, vão sentir sua falta e desejarem ainda mais o retorno de um profissional descansado para desempenhar suas funções em sua melhor forma.
Férias é uma questão de respeito à qualidade de vida no trabalho, bem como à saúde do colaborador e saúde não está ligada somente a doenças e incapacidades físicas ou mentais, mas a capacidade de satisfazer as exigências do nosso particular tipo de vida. Então, por isso descanse e boas férias!